Polifarmácia psicotrópica e a medicalização da vida em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas no Distrito Federal
DOI:
https://doi.org/10.51723/hrj.v4i19.520Palavras-chave:
medicalização, polifarmácia, psicotrópico, caps adResumo
Os medicamentos psicotrópicos surgiram como uma revolução para o tratamento dos transtornos mentais e foram vistos como essenciais para desinstitucionalização. Mas com a prescrição de diversos medicamentos, há a possibilidade de ocorrência de polifarmácia psicotrópica, que é o uso concomitante de 2 ou mais psicotrópicos. Na rotina, é possível observar um elevado número de prescrições, o que possibilita uma relação com a crítica à medicalização da vida e a medicamentalização dos sofrimentos. O objetivo deste trabalho foi analisar a medicalização em psiquiatria e a presença de polifarmácia psicotrópica para usuários de um Centro
de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas (CAPS AD). Este foi um estudo transversal, descritivo e quantitativo. O método foi a análise de dados coletados de prontuários de usuários de um CAPS AD III do Distrito Federal durante o ano de 2021. Os dados foram armazenados em planilha do Microsoft Excel® e analisados quantitativamente. A ocorrência de polifarmácia psicotrópica foi identificada em 100% da amostra analisada, com uso de 2 a 6 medicamentos por usuário. Ao todo, os participantes do estudo estavam em uso de 24 psicotrópicos diferentes, sendo que a maior prevalência foi de naltrexona. Também foram identificadas potenciais interações medicamentosas (PIM) em 90,9% da amostra. Assim, foi possível observar a importância de um acompanhamento psicossocial eficaz, para otimizar os resultados e a necessidade de acompanhamento farmacêutico, avaliar a eficácia terapêutica, realizar monitoramento e revisão da farmacoterapia.
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