About the Journal
The Health Residencies Journal (HRJ) ISSN: 2675-2913 is edited by the Coordination of Postgraduate Studies lato sensu and Extension of the School of Public Health of the Federal District through the Residency, Specialization and Extension Management, the Health Residencies Journal (HRJ ) appears as a scientific space for the dissemination of scientific research and reports of experiences from residents, preceptors, managers of health residency programs and institutions executing the programs, public or private.
QUALIS: B2
Current Issue

Assistência ao paciente na Unidade de Terapia Intensiva: um trabalho de time!
Dentro de uma UTI, cada segundo importa e cada decisão pode significar a diferença entre a vida e a morte. A complexidade destes pacientes exige não só tecnologia avançada, mas também um time multidisciplinar especializado. A principal chave para a recuperação do paciente é a eficiência de um grupo de profissionais de saúde de diversas especialidades que trabalham em conjunto para prestar cuidados abrangentes e centrados no paciente. O trabalho multidisciplinar não é apenas um modelo de prestação de cuidados; é uma necessidade no ambiente moderno de cuidados críticos.
Pacientes graves apresentam múltiplas patologias e condições agudas complexas que se sobrepõem e que exigem conhecimentos especializados de várias disciplinas. A equipe multidisciplinar típica na UTI inclui médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos clínicos, nutricionistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, odontólogos, assistentes sociais. Cada um destes profissionais traz uma perspectiva única e um conjunto de competências para as discussões diárias, feitas em rounds beira leito, na presença dos familiares de cada paciente. Os rounds multidisciplinares diários asseguram que todos os aspectos do paciente sejam abordados. Esta abordagem colaborativa promove uma compreensão completa das necessidades do paciente, conduzindo a diagnósticos mais exatos, planos de tratamento adaptados e melhores resultados. Uma das vantagens mais significativas da multidisciplinaridade é a sua capa cidade de otimizar a comunicação. Num modelo tradicional de cuidados de saúde, a informação pode ficar isolada, com cada especialista a trabalhar de forma inde pendente. Esta fragmentação pode levar a atrasos na assistência, falhas de comunicação, erros e eventos adversos. Em contrapartida, um trabalho multidisciplinar incentiva o diálogo aberto e a tomada de decisões compartilhadas. As reuniões regulares da equipe, os rounds beira-leito e as atualizações de informações em tempo real garantem que todos estejam na mesma página. Essa comunicação contínua não apenas aumenta a eficiência, mas também a segurança, num ambiente onde não há margem para erro. Além disso, o trabalho em equipe envolvendo diferentes profissionais promove uma cultura de respeito mútuo e aprendizagem contínua. Numa equipe em que os conhecimentos de cada membro são valorizados, existe uma oportunidade inerente para o aprendizado interdisciplinar. Médicos e enfermeiros aprendem com os farmacêuticos clínicos sobre as nuances das interações medicamentosas. Psicólogos obtêm informações dos fisioterapeutas sobre a importância da mobilização precoce na prevenção da fraqueza adquirida na UTI. Esta troca de conhecimentos enriquece a competência coletiva da equipe e permite a inovação e a busca de soluções conjuntas para o melhor cuidado ao paciente. Estes benefícios de estendem para além do paciente, abrangendo também a sua família. A doença grave não é apenas um fardo físico; tem implicações emocionais, psicológicas e sociais. Psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais desempenham um papel crucial na resposta a estas necessidades não médicas, fornecendo apoio e orientação às famílias que navegam na complexidade dos cuidados críticos. Ao envolver as famílias no processo de cuidado e ao mantê-las informadas, ajudamos a dissipar parte do stress e da incerteza que enfrentam.
Entretanto, o sucesso de uma equipe multidisciplinar não é automático. Requer uma liderança forte, um compromisso com a colaboração e uma visão partilhada dos cuidados centrados no paciente. Desafios como a ambiguidade de papéis, a dinâmica de poder e as limitações de tempo podem prejudicar a eficácia da equipe. A resolução destes desafios exige esforços intencionais para promover a confiança, esclarecer as funções e criar uma cultura em que todas as vozes sejam ouvidas. Numa era em que os cuidados de saúde estão cada vez mais especializados, a equipe multidisciplinar é um testemunho do poder da colaboração. Na UTI, ambiente de altíssima complexidade e riscos, a multidisciplinaridade não é apenas um modelo de cuidado – é uma obrigação. Ao reunir diversos conhecimentos, promover a comunicação aberta e dar prioridade às necessidades dos pacientes e das suas famílias, o trabalho de um time multidisciplinar exemplifica o que os cuidados de saúde modernos devem procurar ser: compassivos, abrangentes e colaborativos. À medida que continuamos a avançar na medicina intensiva, não nos esqueçamos de que os melhores resultados só podem ser alcançados com um trabalho em time.
Antonio Aurélio de Paiva Fagundes Júnior*
* Cardiologista, Doutor em Cardiologia pela USP e Pós-Doutorado pela Universidade de Harvard